terça-feira, 21 de maio de 2013

O quê é um retorno?

RETORNO

Entre os anjos da Morte existem graus de distinto esplendor e hierarquia, porém todos eles dependem das supremas ordens do terceiro aspecto da Prakriti, a Mãe-Espaço, a bendita Deusa Mãe-Morte, Hékate, Proserpina, Coatlicue, Kali, etc. Estes Ministros da Morte, em sua figura espectral, esquelética, com suas foices na mão direita e revestidos com seus trajes funerais, têm realmente uma aparência terrivelmente divina.
Os anjos da Morte cortam o fio da vida em seu dia e em sua hora, de acordo com a sábia Lei do destino. Na fossa sepulcral, vão parar o corpo físico e a personalidade. Esta última se desintegra muito lentamente e, nem sempre, permanece dentro do sepulcro; costuma vagar por todo o cemitério ou panteão.
Muito se fala na literatura pseudo-ocultista sobre o corpo vital ou lingam sarira, o assento da vida orgânica, sem o qual seria impossível a existência do corpo físico, porém esse fundo vital não é a personalidade. O corpo vital se desintegra pouco a pouco, conforme o cadáver vai se desintegrando. A personalidade perambula pelo panteão e sua dissolução é mais lenta que a do corpo vital. Aqueles que afirmam que a personalidade se reencarna, mentem lamentavelmente, porque a personalidade é filha de seu tempo, nasce em seu tempo e morre em seu tempo, e não existe nenhum amanhã para a personalidade do defunto. Aquilo que continua mais além da morte é o ego vestido com seus corpos lunares.
Aquilo que não morre é a Essência, o Buddhata, a alma, porém desafortunadamente, engarrafada dentro do ego. A visão retrospectiva da vida que acaba de passar tem como único objetivo fazer um inventário da existência que terminou, para saber o que temos e o que nos falta.
O julgamento ante os tribunais do Karma, depois do inventário, é o resultado exato da existência finalizada. Nos antigos tempos, quase todas as almas se liberavam de entre o ego temporariamente, para passar suas férias nos reinos inefáveis dos mundos moleculares e eletrônicos e, depois, regressavam, como o gênio da garrafa, à própria garrafa, para se reincorporarem neste vale de lágrimas.
 Por estes tempos de angústia e perversidade, já quase não há férias nos mundos superiores, agora, os desencarnados ingressam nos mundo infernais ou retornam, imediatamente, a este vale de lágrimas, para terminarem, quanto antes, seu ciclo de vidas sucessivas.
 Na literatura pseudo-ocultista, afirma-se, equivocadamente, que a todo ser humano se consignam milhões de vidas até lograr a perfeição, porém esse conceito é falso, porque a cada ser humano só se dá um número determinado de existências, de acordo com a Lei de número, medida e peso. Realmente, apenas se consignam cento e oito vidas a cada ser humano, essas são as cento e oito contas do colar de Buda. Os brâmanes simbolizam o ciclo de vidas sucessivas com o ritual da Vaca Sagrada, dando cento e oito voltas litúrgicas ao redor da Vaca, e rezam, com o colar de cento e oito contas, as palavras mágicas ON MANI PADME JUM. As almas que terminam seu ciclo de existência sem ter alcançado o estado angélico, ingressam nos mundos infernais. Por estes tempos, depois do julgamento final de 1950, já quase todas as almas cumpriram seu ciclo de existências ou estão para cumpri-lo.
 Agora, os desencarnados estão ingressando em ondas nos mundos infernais, porque os tempos estão vencidos. Muito se fala, em literatura pseudo-ocultista, sobre a lei da reencarnação, porém realmente esta é somente para os indivíduos sagrados. Reencarnação implica em uma individualidade reencarnante e, se tal individualidade não existe, então, não há tal reencarnação. Ainda que os textos pseudo-ocultistas afirmem que o animal intelectual já alcançou a individualidade, este conceito é tão falso como aquele outro que assegura que o ser humano já possui os autênticos veículos solares: astral, mental e causal. O ego é um conjunto de entidades distintas, diversas, que nem sequer se conhecem entre si; isso não é individualidade e dizer que essas entidades se reencarnam resulta absurdo. Melhor é dizer que o eu pluralizado regressa, se reincorpora, retorna a este vale de lágrimas. O ego continua em nossos descendentes.
A agonia de um homem é idêntica ao êxtase de sua concepção. A morte e a concepção se encontram intimamente unidas e formam um todo único. A senda da vida está formada pelas pegadas dos cascos do cavalo da morte. Morte e concepção são uma; morte e julgamento são uno; julgamento e concepção são uno; morte, julgamento e concepção são uno. Ao regressarmos a um novo veículo físico, a lei do karma entra em ação, pois não existe efeito sem causa nem causa sem efeito. O desenho psicológico do agonizante entra com o zoosperma no ovo, no instante da concepção. A desintegração dos elementos do antigo corpo origina uma vibração que passa invisível através do tempo e do espaço. Esta vibração porta o desenho do homem que agonizou, assim como a onda de uma estação transmissora de televisão leva a imagem invisível do artista que atua e que, recebida em um aparelho apropriado, se faz visível a muitas centenas e milhares de quilômetros do lugar onde realmente se encontra. O ovo fecundado é o órgão de recepção para o desenho psicológico do homem que agoniza. Os anjos da vida encarregam-se de conectar o cordão de prata com o zoosperma fecundante. Muitos milhões de zoospermas escapam-se no instante da cópula, mas só um deles gozará do poder suficiente para penetrar no óvulo, a fim de realizar a concepção. Esta força muito especial não é produto de um acaso. Aquilo que acontece é que é impelida de dentro na sua energia íntima, pelo Anjo da Vida, que, em tais instantes, realiza a conexão da Essência que regressa. A Essência fica, pois, conectada com a célula germinal por meio do cordão de prata e tal célula divide-se em duas e as duas em quatro e as quatro em oito e assim sucessivamente, para o processo de gestação fetal. E claro que a energia sexual se transforma de fato no agente básico de uma tal multiplicação celular. Isto significa que o fenômeno da mitose não poderia realizar-se de maneira nenhuma sem a presença da energia criadora. O desencarnado, aquele que se prepara para tomar um novo corpo físico, não penetra no feto e apenas vem a reincorporar-se no momento em que a criatura nasce, no momento preciso em que ela realiza a sua primeira inalação. É muito interessante que, com a derradeira exalação do moribundo, ocorra a desencarnação e que, com a primeira inalação, se reingresse num novo corpo físico.
 É totalmente absurdo afirmar-se que cada um de nós escolhe voluntariamente o lugar onde deve renascer. A realidade é muito diferente. São precisamente os Senhores da Lei, os agentes do karma, que selecionam para nós o sítio exato, o lar, a família, a nação, onde devemos reincorporar-nos. Se o “ego” pudesse escolher o sítio, família, etc., para a sua nova reincorporação, os ambiciosos, os orgulhosos, os avarentos, os cobiçosos, procurariam os palácios e as casas dos milionários, as mansões ricas, os leitos de rosas e de plumas e o mundo seria todo ele riqueza e suntuosidade, não haveria pobres, não existiriam a dor nem a amargura, ninguém pagaria karma, todos poderíamos cometer os maiores delitos sem que a justiça celestial nos atingisse, etc. A crua realidade dos fatos é que o “ego” não tem o direito de escolher o lugar ou a família onde deve nascer. Cada um de nós tem de pagar o que deve. Está escrito que quem semeia raios colherá tempestades. Lei é lei e lei é para se cumprir. O incessante retorno de todas as coisas é uma lei da vida, fato que podemos verificar de instante a instante e de momento a momento. Todos os anos a Terra retorna ao seu ponto de partida original e celebramos então o Ano Novo. Os astros retornam ao seu ponto de partida original, os átomos, dentro da molécula, retornam ao ponto inicial. Os dias retornam, as noites retornam, as quatro estações, primavera, verão, outono e inverno, retornam, assim como os ciclos, kalpas, yugas e Mahamvantaras.
 A lei do eterno retorno é, pois, qualquer coisa de indiscutível, de irrefutável.
Depois da morte, as distintas entidades que constituem o ego vão e vêm pela região molecular, porém nem todas essas entidades retornam a uma nova matriz humana; algumas dessas entidades ingressam no submundo, outras entram em matrizes inferiores do Reino Animal irracional, outras ingressam no Reino Vegetal, e, por último, outras, vestidas com os corpos lunares, continuam em nossos descendentes. Pitágoras repreendeu, em certa ocasião, um discípulo que quis dar de patadas em um cachorro que uivava, dizendo-lhe: “Não batas nesse cachorro, porque em seu lastimoso latido reconheci um amigo que morreu há algum tempo”. Esta é a sábia Lei da Metempsicose tão odiada pelos fanáticos do dogma da evolução. Em frações também se ingressa nos mundos infernais. Muitas pessoas que vivem atualmente no mundo físico já possuem parte de si mesmas nos mundos infernais. Dante encontrou esses condenados à segunda morte entre o símbolo que lhes corresponde no abismo, que é o sepulcro e, como essas lousas estavam levantadas, perguntou a seu Mestre o porquê disto, e Virgílio, o poeta de Mantua, lhe respondeu: “Todos ficarão encerrados quando voltarem de Josafat as almas com os corpos que deixaram lá em cima”. São Josafat é o Buda e o Vale de Josafat é este mundo do Samsara.
 O juízo final já foi feito, os egos, em sua totalidade, estão entrando nos mundos infernais e, assim, se fecham os simbólicos sepulcros de Dante. O objetivo final dos mundos infernais é destruir o ego e os corpos lunares, para que a alma se libere pela porta da segunda morte. Os sofrimentos das almas fracassadas, nos mundos infernais estão simbolicamente escritos por Dante na Divina Comédia.

 A segunda morte é necessária para que as almas fracassadas regressem ao caos primitivo, original, de onde devem recomeçar a jornada, passando pelas evoluções minerais, vegetais e animais, até alcançarem novamente o estado humano. 

 BIBLIOGRAFIA

   V. M. Samael Aun Weor: Os Corpos Solares.
   V.   M.  Samael   Aun Weor:  Sim   Há   Inferno,   Sim   Há   Diabo,   Sim   Há   Karma,  Edições
Gnósticas, Portugal, 1996.
   V. M. Samael Aun Weor: Curso Zodiacal, Edições Gnósticas “ Samael Aun Weor”,
México, D.F.

terça-feira, 14 de maio de 2013