segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O EU PLURALIZADO E A MÁQUINA HUMANA

Esta questão do mim mesmo, o que eu sou, isso que pensa, sente e atua é algo que devemos auto-explorar para conhecermos profundamente.

Existem  por  toda  parte  belas  teorias  que  atraem  e  fascinam,  não  obstante,  de  nada serviria tudo isso se não conhecêssemos a nós mesmos.

É  fascinante  estudar  astronomia  ou  distrair-se  um  pouco  lendo  obras  sérias, entretanto, resulta irônico converter-se em um erudito e não saber nada sobre si mesmo, sobre o eu sou, sobre a personalidade humana que possuímos.

Cada  qual  é  muito  livre  para  pensar  o  que  queira  e  a  razão  subjetiva  do  "Animal Intelectual", equivocadamente chamado homem, dá para tudo, tanto pode fazer de uma pulga um cavalo, como de um cavalo uma pulga. São muitos os intelectuais que vivem
jogando com o racionalismo, e depois de tudo o que sucede?

Ser erudito não significa ser sábio. Os ignorantes ilustrados abundam como a erva má e não somente não sabem como também nem sequer sabem que não sabem.

Entenda-se  por  ignorantes  ilustrados  os  sabichões  que  crêem  que  sabem  e  nem sequer conhecem a si mesmos.

Poderíamos  teorizar  brilhantemente  sobre  o  eu  da  Psicologia,  porém  não  é  isso precisamente o que nos interessa.

Necessitamos conhecer a nós mesmos por via direta, sem o processo deprimente da opção.  De  modo  algum  seria  isto  possível  sem  nos  auto-observarmos  em  ação,  de instante a instante, de momento a momento. Não se trata de nos ver através de alguma teoria ou de uma simples especulação intelectiva. Vermo-nos diretamente tal qual somos é  o  interessante,  e  somente  assim  poderemos  chegar  ao  conhecimento  verdadeiro  de nós mesmos.

Ainda que pareça incrível estamos equivocados com respeito a nós mesmos. Muitas coisas que cremos não ter, temos e muitas que cremos ter, não temos.

Temos  formado  falsos  conceitos  sobre  nós  mesmos  e  devemos  fazer  um  inventário para sabermos o que nos sobra e o que nos falta.

Suponhamos  que  temos  tais  ou  quais  qualidades  que,  em  realidade,  não  temos  e muitas virtudes que possuímos, certamente, as ignoramos.

Somos  pessoas  adormecidas,  inconscientes  e  isso  é  grave.  Desafortunadamente, pensamos  de  nós  mesmos  o  melhor  e  nem  sequer  suspeitamos  que  estamos adormecidos.

As sagradas escrituras insistem na necessidade de despertar, porém não explicam o sistema para se lograr esse despertar.

O pior do caso é que são muitos os que têm lido as sagradas escrituras e nem sequer entendem que estão adormecidos.

Todo mundo crê que conhece a si mesmo e nem remotamente suspeita que existe a Doutrina dos Muitos.

Realmente o eu psicológico de cada qual é múltiplo e sobrevém sempre como muitos.

Com isto queremos dizer que temos muitos “eus” e não um só como sempre supõem, os ignorantes ilustrados.

Negar a Doutrina dos Muitos é fazer de tolo a si mesmo, pois de fato seria o cúmulo dos cúmulos ignorar as contradições íntimas que cada um de nós possui.

Vou  ler  um  jornal,  diz  o  eu  do  intelecto;  ao  diabo  com  tal  leitura,  exclama  o  eu  do movimento;  prefiro  ir  dar  um  passeio  de  bicicleta.  Passeio  que  nada,  pão  quente,  grita um terceiro em discórdia, prefiro comer tenho fome.

Se  pudéssemos  nos  ver  em  um  espelho  de  corpo  inteiro,  tal  qual  somos, descobriríamos por nós mesmos, de forma direta, a Doutrina dos Muitos.

A personalidade humana é tão somente uma marionete controlada por fios invisíveis.

O eu que hoje jura amor eterno pela Gnose é mais tarde substituído por outro eu que nada tem a ver com o juramento, e, então, o sujeito se retira.

O eu que hoje jura amor eterno a uma mulher é mais tarde substituído por outro que nada tem a ver com esse juramento, então, o sujeito se enamora de outra e o castelo de cartas se vai ao chão.

O  "Animal  Intelectual",  equivocadamente  chamado  homem,  é  como  uma  casa  cheia de muita gente.

Não  existe  ordem  nem  concordância  alguma  entre  os  múltiplos  “eus”,  todos  lutam entre si e disputam a supremacia. Quando algum deles consegue o controle dos centros capitais da máquina orgânica, se sente o único, o amo, entretanto, no final é derrotado.

Considerando as coisas deste ponto de vista, chegamos à conclusão lógica de que o "Mamífero Intelectual" não tem verdadeiro sentido de responsabilidade moral.

Inquestionavelmente, o que a máquina diga ou faça, em um dado momento, depende exclusivamente do tipo de eu que a controle nesses instantes.

Dizem  que  Jesus  de  Nazaré  tirou  sete  demônios  do  corpo  de  Maria  Madalena,  sete “eus”, viva personificação dos sete pecados capitais.

Obviamente  cada  um  destes  sete  demônios  é  uma  cabeça  de  legião,  portanto, devemos  assentar  como  corolário  que  o  Cristo  Íntimo  pôde  expulsar  do  corpo  de Madalena milhares de “eus”.

Refletindo  sobre  todas  essas  coisas,  podemos  inferir  claramente  que  a  única  coisa digna que possuímos em nosso interior é a Essência, e desafortunadamente a mesma se encontra engarrafada entre todos esses múltiplos “eus” da Psicologia Revolucionária.

É  lamentável  que  a  Essência  se  processe  sempre  em  virtude  de  seu  próprio condicionamento.

Inquestionavelmente,  a  Essência  ou  a  Consciência,  que  é  o  mesmo,  dorme profundamente.



Fonte: V. M. Samael Aun Weor: A Grande Rebelião.

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