quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Personalidade Humana

Um  homem  nasceu,  viveu  sessenta  e  cinco  anos  e  morreu.  Porém,  onde  se encontrava  antes  de  1900  e  onde  poderá  estar  depois  de  1965?  A  ciência  oficial  nada sabe  sobre  tudo  isto.

Esta  é  a  formulação  geral  de  todas  as  questões  sobre  a  vida  e  a morte.

Axiomaticamente, podemos afirmar: "O homem morre porque seu tempo termina, não existe nenhum amanha para a personalidade do morto".

Cada dia é uma onda do tempo, cada mês é outra onda do tempo, cada ano é também outra  onda  do  tempo  e  todas  estas  ondas  encadeadas  em  seu  conjunto  constituem  a grande onda da vida.

O tempo é redondo e a vida da personalidade humana é uma curva fechada. A vida da personalidade  humana  se  desenvolve  em  seu  tempo, nasce  em seu  tempo  e  morre  em seu tempo, jamais pode existir mais além de seu tempo.

Isto do tempo é um problema que foi estudado por muitos sábios. Fora de toda dúvida, o  tempo  é  a  quarta  dimensão.  A  Geometria  de  Euclides  só  é  aplicável  ao  mundo tridimensional, porém, o mundo tem sete dimensões e a quarta é o tempo.

A mente humana concebe a eternidade como o prolongamento do tempo em linha reta, porém,  nada  pode  estar  mais  equivocado  que  este  conceito,  porque  a  eternidade  é  a quinta dimensão.

Cada momento da existência se sucede no tempo e se repete eternamente.

A morte e a vida são dois extremos que se tocam. A vida termina para o homem que morre,  porém,  começa  outra.  Um  tempo  termina  e  outro  começa:  a  morte  se  acha intimamente vinculada ao eterno retorno.

Isto  quer  dizer  que  temos  que  retornar,  regressar  ao  mundo  depois  de  mortos  para repetir  o  mesmo  drama  da  existência;  mas  se  a  personalidade  humana  perece  com  a morte, quem ou o que é o que retorna?

É necessário esclarecer de uma vez e para sempre que o Eu é o que continua depois da morte, que o Eu é quem retorna, que o Eu é quem regressa a este vale de lágrimas.

É  necessário  que  nossos  leitores  não  confundam  a  Lei  do  Retorno  com  a  Teoria  da Reencarnação ensinada pela Teosofia moderna.

A  citada  teoria  da  Reencarnação  teve  sua  origem  no  culto  de  Krishna,  que  é  uma Religião  indostânica  do  tipo  védico,  desgraçadamente  retocada  e  adulterada  pelos reformadores.  

No culto autêntico original de Krishna, só os heróis, os guias, aqueles que já possuem individualidade sagrada, são os únicos que se reencarnam.

O  Eu  pluralizado  retorna,  regressa,  mas  isto  não  é  reencarnação.  As  massas,  as multidões retornam, porém, isso não é reencarnação.

A idéia do retorno das coisas e dos fenômenos, a idéia da repetição eterna não é muito antiga  e  podemos  encontrá-la  na  sabedoria  pitagórica  e  na  antiga  cosmogonia  do Indostão. 

O eterno retorno dos dias e noites de Brahama, a repetição incessante dos Kalpas, etc., estão invariavelmente associados de forma muito íntima à sabedoria pitagórica e à Lei de Recorrência eterna ou eterno retorno.

Gautama, o Buda ensinou muito sabiamente a Doutrina do Eterno Retorno e a roda de vidas sucessivas, porém sua Doutrina foi muito adulterada por seus seguidores.

Todo  retorno  implica,  desde  logo,  a  fabricação  de  uma  nova  personalidade  humana.

Esta se forma durante os primeiros sete anos da infância.

O  ambiente  de  família,  a  vida  da  rua  e  a  escola,  dão  à  personalidade  humana  seu matiz original característico.

O exemplo dos mais velhos é definitivo para a personalidade infantil.

A  criança  aprende  mais  com  o  exemplo  que  com  o  preceito.  A  forma  equivocada  de viver,  o  exemplo  absurdo,  os  costumes  degenerados  dos  mais  velhos,  dão  à personalidade da criança esse matiz peculiar cético e perverso da época em que vivemos.

Nestes tempos modernos, o adultério se tornou mais comum que a batata e a cebola e, como é apenas lógico, isto origina cenas dantescas dentro dos lares.

São  muitas  as  crianças  que,  por  estes  tempos,  têm  que  suportar,  cheios  de  dor  e ressentimentos,  os  látegos  e  pauladas  do  padrasto  ou  da  madrasta.  É  claro  que  dessa forma, a personalidade da criança se desenvolve dentro do marco da dor, rancor e ódio.

Existe  um  ditado  popular  que  diz:  "O  filho  alheio  cheira  mal  em  todas  as  partes”. Naturalmente, nisto  também há exceções, porém,  estas  se podem  contar  nos dedos da mão e ainda sobram dedos.

As  disputas  entre  o  pai  e  a  mãe,  por  questão  de  ciúmes,  o  pranto  e  os  lamentos  da mãe aflita ou do marido oprimido, arruinado e desesperado, deixam na personalidade da criança  uma  marca  indelével  de  profunda  dor  e  melancolia  que  jamais  se  esquece durante toda a vida.

Nas  casas  dos  elegantes,  as  orgulhosas  senhoras  maltratam  suas  criadas  quando estas  vão  ao  salão  de  beleza  ou  pintam  o  rosto.  O  orgulho  das  senhoras  se  sente mortalmente ferido.

A criança, que vê todas estas cenas de infâmia, se sente ofendida no mais profundo, quer  se  ponha  a  favor  de  sua  mãe  soberba  e  orgulhosa,  ou  a  favor  da  infeliz  criada vaidosa e humilhada e o resultado costuma ser catastrófico para a personalidade infantil.

Desde que se inventou a televisão, se perdeu a unidade da família. Em outros tempos, o homem chegava da rua e era recebido por sua mulher com muita alegria. Hoje em dia, a  mulher  já  não  sai  para  receber  seu  marido  à  porta,  porque  está  ocupada  vendo televisão.

Dentro  dos  lares  modernos,  o  pai,  a  mãe,  os  filhos,  as  filhas,  parecem  autômatos inconscientes diante da televisão. Agora, o marido não pode comentar com uma mulher absolutamente nada, sobre os problemas do dia, o trabalho, etc., etc., porque esta parece sonâmbula vendo o filme de ontem, as cenas dantescas de Al Capone, o último baile da nova onda, etc., etc., etc.

As  crianças  formadas  neste  novo  tipo  de  lar  ultramoderno  só  pensam  em  canhões, pistolas,  metralhadoras  de  brinquedo  para  imitar  e  viver,  a  seu  modo,  todas  as  cenas dantescas do crime tal como as têm visto na televisão.

É  lástima  que  este  invento  maravilhoso  da  televisão  seja  utilizado  com  propósitos destrutivos.  Se  a  humanidade  utilizasse  este  invento  de  forma  dignificante,  quer  fosse para estudar as ciências naturais, quer fosse para ensinar a verdadeira arte régia da Mãe Natura,  ou  para  dar  sublimes  ensinamentos  às  pessoas,  então,  este  invento  seria  uma benção  para  a  humanidade,  e  poderia  utilizar-se  inteligentemente  para  cultivar  a personalidade humana.

A  todas  as  luzes,  é  absurdo  nutrir  a  personalidade  infantil  com  música  arrítmica, desarmônica,  vulgar.  É  estúpido  nutrir  a  personalidade  das  crianças  com  contos  de ladrões e policiais, cenas de vício e prostituição, dramas de adultério, pornografia, etc.

O  resultado  de  semelhante  proceder  podemos  ver  nos  rebeldes  sem  causa,  os assassinos prematuros, etc.

É  lamentável  que  as  mães  açoitem  suas  crianças,  lhes  dêem  com  paus,  os  insultem com  vocábulos  descorteses  e  cruéis.  O  resultado  de  semelhante  conduta  é  o ressentimento, o ódio, a perda do amor, etc.

Na  prática  temos  podido  ver  que  os  meninos  criados  entre  paus,  látegos  e  gritos, convertem-se  em  pessoas  vulgares  cheias  de  grosserias  e  carentes  de  todo  sentido  de respeito e veneração.

É urgente compreender a necessidade de estabelecer um verdadeiro equilíbrio dentro dos lares.

É  indispensável  saber  que  a  doçura  e  a  severidade  devem  se  equilibrar  mutuamente nos dois pratos da balança da justiça.

O  pai  representa  a  severidade.  A  mãe  representa  a  doçura.  O  pai  personifica  a sabedoria. A mãe simboliza o amor.

Sabedoria  e  Amor,  severidade  e  doçura  se  equilibram  mutuamente  nos  pratos  da balança cósmica.

Os pais e as mães de família devem equilibrar-se mutuamente para bem dos lares.

É  urgente,  é  necessário,  que  todos  os  pais  e  mães  de  família  compreendam  a necessidade de semear na mente infantil os valores eternos do Espírito.

É lamentável que as crianças modernas já não possuam o sentido de veneração. Isto se  deve  aos  contos  de  vaqueiros,  ladrões  e  policiais.  A  televisão,  o  cinema,  etc., perverteram a mente das crianças.

A Psicologia Revolucionária do Movimento Gnóstico faz, de forma clara e precisa, uma distinção profunda entre o Ego e a Essência.

Durante os três ou quatro primeiros anos de vida, só se manifesta, na criança, a beleza da Essência. Então, a criança é terna, formosa em todos seus aspectos psicológicos.

Quando o Ego começa a controlar a terna personalidade da criança, toda essa beleza da Essência vai desaparecendo e, em seu lugar, afloram, então, os defeitos psicológicos próprios de todo ser humano.

Assim  como  devemos  fazer  distinção  entre  Ego  e  Essência,  também  é  necessário distinguir entre personalidade e Essência.

O  ser  humano  nasce  com  a  Essência,  mas  não  nasce  com  a  personalidade.  É necessário criar esta última.

Personalidade e Essência devem desenvolver-se de forma harmoniosa e equilibrada.

Na  prática,  temos  podido  verificar  que  quando  a  personalidade  se  desenvolve exageradamente às expensas da Essência, o resultado é o velhaco.

A  observação  e  a  experiência  de  muitos  anos  nos  têm  permitido  compreender  que quando  a  Essência  se  desenvolve  totalmente  sem  atender,  no  mínimo,  ao  cultivo harmonioso da personalidade, o resultado é o místico sem intelecto, sem personalidade, nobre de coração, porém, não adaptado, incapaz.

O  desenvolvimento  harmonioso  de  personalidade  e  Essência  dá  como  resultado homens e mulheres geniais.

Na Essência, temos tudo o que é próprio e na personalidade, tudo o que é emprestado.

Na Essência, temos nossas qualidades inatas. Na personalidade, temos o exemplo de nossos avós, o que aprendemos no lar, na escola, na rua.

Urge  que  as  crianças  recebam  alimento  para  a  Essência  e  alimento  para  a personalidade.

A Essência se alimenta com ternura, carinho sem limites, amor, música. flores, beleza, harmonia, etc.

A personalidade deve alimentar-se com o bom exemplo de nossos pais, com o sábio ensinamento da escola, etc.

É  indispensável  que  as  crianças  ingressem  no  primário  à  idade  de  sete  anos,  com prévia passagem pelo jardim da infância.

As  crianças  devem  aprender  as  primeiras  letras  brincando,  assim,  o  estudo  se  faz atrativo para elas, delicioso, feliz.

A Educação Fundamental ensina que desde o próprio Kinder ou jardim para crianças, deve-se  atender,  de  forma  especial,  a  cada  um  dos  três  aspectos  da  personalidade humana,  conhecidos  como  pensamento,  movimento  e  ação.  Assim,  a  personalidade infantil se desenvolve de forma harmoniosa e equilibrada.

A  questão  da  criação  da  personalidade  da  criança  e  seu  desenvolvimento  é  de gravíssima responsabilidade para os pais de família e mestres de escola.

A  qualidade  da  personalidade  humana  depende  exclusivamente  do  tipo  de  material psicológico com o qual foi criada e alimentada.
Em  torno  de  personalidade,  Essência,  Ego  ou  Eu,  existe  entre  os  estudantes  de psicologia muita confusão.

Alguns confundem a personalidade com a Essência e outros confundem o Ego ou Eu com a Essência.

São muitas as escolas pseudo-esotéricas ou pseudo-ocultistas que têm como meta de seus estudos a vida impessoal.

É necessário esclarecer que não é a personalidade o que temos que dissolver.

É urgente saber que necessitamos desintegrar o Ego, o mim mesmo, o Eu e reduzi-lo a poeira cósmica.

A personalidade é tão somente um veículo de ação, um veículo que foi necessário criar, fabricar.

No mundo, existem “Calígulas”, “Atilas”, “Hitleres”, etc. Todo tipo de personalidade, por mais perversa que tenha sido, pode transformar-se radicalmente quando o Ego ou Eu se dissolva totalmente.

A  questão  da  dissolução  do  Ego  ou  Eu  confunde  e  molesta  a  muitos  pseudo-esoteristas. Estes estão convencidos de que o Ego é divino, pois crêem que o Ego ou Eu é o próprio Ser, a mônada divina, etc.

É necessário, é urgente, é inadiável compreender que o Ego, ou Eu nada tem de divino.

O  Ego,  ou  Eu  é  o  Satã  da  Bíblia,  conjunto  de  recordações,  desejos,  paixões,  ódios, ressentimentos, concupiscências, adultérios, herança de família, raças, nação, etc., etc.,etc.

Muitos afirmam de forma estúpida que dentro de nós existe um Eu superior ou divino e um Eu inferior.

Superior  e  inferior  são  sempre  duas  secções  de  uma  mesma  coisa.  Eu  superior,  Eu inferior, são duas secções do mesmo Ego.

O Ser Divinal, a Mônada, o Intimo, nada tem a ver com nenhuma forma do Eu. O Ser é o Ser e isso é tudo. A razão de Ser é o próprio Ser.

A  personalidade,  em  si  mesma,  é  só  um  veículo  e  nada  mais.  Através  da personalidade, pode manifestar-se o Ego ou o Ser: tudo depende de nós mesmos.

Urge  dissolver  o  Eu,  o  Ego,  para  que  somente  se  manifeste,  através  de  nossa personalidade, a Essência psicológica de nosso verdadeiro Ser.

É  indispensável  que  os  educadores  compreendam  plenamente  a  necessidade  de cultivar harmoniosamente os três aspectos da personalidade humana.

Um  perfeito  equilíbrio  entre  personalidade  e  Essência,  um  desenvolvimento harmonioso do pensamento, emoção e movimento, uma Ética revolucionária, constituem os alicerces da Educação Fundamental.

Fonte: V. M. Samael Aun Weor: Educação  Fundamental: Psicologia Revolucionária;: Curso Zodiacal.

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