sábado, 22 de outubro de 2011

Prática

"O objetivo desta prática é lograr o silêncio profundo da mente. Quando a mente está em silêncio e serena, a consciência então desperta e advém a iluminação.

“Mo-chao” é uma expressão chinesa que pode traduzir-se por reflexão serena ou observação serena. A palavra “Mo” significa silencioso ou sereno. “Chao” significa refletir ou observar.



O difícil e trabalhoso é conseguir o silêncio mental absoluto em todos os níveis do inconsciente.

Conseguir quietude e silêncio no nível meramente superficial, intelectual ou em alguns departamentos subconscientes, não é suficiente, porque a Essência ou Consciência continua “engarrafada” no dualismo submerso, intransigente e inconsciente.

“Mente em branco” é uma coisa superficial, oca e intelectual. Precisamos de uma reflexão serena se, de verdade, quisermos conseguir a quietude e o silêncio absoluto da mente.

No entanto, compreende-se claramente que, no gnosticismo puro, os termos serenidade e reflexão têm acepções muito mais profundas e, por isso, devem ser compreendidas em suas conotações especiais.

O sentimento de serenidade transcende aquilo que normalmente se entende por calma e tranqüilidade, implica em um estado superlativo, que está para além dos raciocínios, desejos, contradições e palavras. Designa uma situação fora do bulício mundano.

Da mesma forma, o sentido de reflexão está pra além daquilo que se entende habitualmente por contemplação de um problema ou idéia. Não implica atividade mental ou pensamento contemplativo, mas consciência objetiva, clara e irradiante, sempre iluminada na sua própria experiência.

Portanto, o termo “sereno” significa serenidade do não pensamento, e “reflexão” significa consciência intensa e clara.

Reflexão serena é a clara consciência, na tranqüilidade do não pensamento.

Quando reina a serenidade perfeita, consegue-se a verdadeira Iluminação profunda.

Devemos esclarecer que existem dois tipos de concentração: a primeira é do tipo exclusivista e a segunda é de tipo Pleno e Total, não exclusivista.

A verdadeira concentração não é o resultado de opção com todas as suas lutas, nem de escolher os pensamentos.

Opinar que este pensamento é bom e aquele é mau ou vice-versa; que não devo pensar nisto e que é melhor pensar naquilo, etc., produz, de fato, conflitos entre a atenção e a distração e onde há conflito não pode existir quietude e silêncio mental.

Desta maneira, para realizar esta prática devemos nos acomodar em uma posição confortável, sentados em uma cadeira ou deitados em decúbito dorsal (barriga para cima).
Com os olhos fechados, devemos relaxar o corpo completamente e começaremos a observar, serenamente, cada pensamento, cada recordação, cada imagem, cada idéia, cada conceito, etc., à medida que surge na mente.

Olhá-lo, estudá-lo, com o sentido da auto-observação psicológica, sem rechaçar ou justificar, buscando compreender sua origem. Esse trabalho deve ser realizado, em ordem sucessiva, com tudo que vai aparecendo na mente.

Quando termina o desfile de pensamentos, a mente fica quieta e em profundo silêncio.

Então, a Essência se emancipa da mente e vem a experiência disso que é a Verdade."

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